07 maio, 2009

1983

Volto para casa
aproveito a luz vermelha do semáforo para escrever
não quero perder palavras, idéias e impulsos
em breve a sinaleira ficará verde

escuto buzinas
é o preço pela desatenção
afobado, abro o caderno ao acaso
entre anotações a tinta, escrevo a lápis

tenho medo de esqueçer as coisas
ainda bem que posso registrar
mas não existe tempo hábil
as frases se acumulam

na curva me perco, tudo se perde, caem girando
sem querer revivo lembranças 
quando as letras eram para mim 
bandeirolas rodopiando num barbante

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