Marcelo Mirisola
“Já acompanhei vários alunos que entraram para o tráfico. A gente percebe que fica mais agressivo, tem roupas caras. Uma vez, num tiroteio, ouvi o som de uma granada. Os alunos riam.”
Declaração dada ao Jornal do Brasil por Carlos Eduardo Freire Maciel, professor de história.
Claro que eles riram, riram da sua cara, professor. Riram do descompasso entre o que o senhor era obrigado a ensinar e o que eles queriam aprender. Provavelmente riram do sistema de aprovação automática, e dos Ministérios da Educação e Cultura, e riram da pompa e da circunstância e dos coquetéis em homenagem ao centenário da morte do Machadão, riram da Lei Rouanet,e riram do cabelo pintado dos velhinhos da “acadimia”, e riram das mentiras que contaram para eles, e também riram da carinha de espanto da Fátima Bernardes quando anunciou mais um diretor de presídio assassinado no Rio de Janeiro, riram da palavra “chacina” pronunciada pela mesma Fátima, e riram da cara dos playboys que cantam barquinhos a deslizar no macio azul do oceano blue, eles riram do tratamento que a Fátima fez para engravidar, e do condomínio fechado onde ela vai criar os três filhotes, isso tudo, professor, é muito engraçado, o senhor não acha? Os garotos se divertem. Qual o espanto? Seus alunos riram do Presidente da República dizendo que sem educação o sujeito não chega a lugar algum. Nesse ponto, eles não agüentaram de tanto rir, e então BUUMM! a granada explodiu.
O que será que o professor Carlos Eduardo Freire Maciel ensinava na hora da explosão? A Conjuração dos Alfaiates?
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Um comentário:
Amei :)
Por isso decidi ser professora, alguém tem de fazer diferente!
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