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É um acontecimento extraordinário
relatado por algumas pessoas
que voltaram da beira da morte
acompanhado (na volta) por uma paz de espírito
um evento extracorpóreo
uma viagem no vácuo
um túnel negro
em direção a uma luz
alguns encontraram
entes queridos que se foram
outros viram Jesus
de branco com furos nas mãos
alguns se sentem cercados
por uma névoa branca
embaçando a fronteira
entre o mundo real e o sonho
Suas frases me nocautearam
uma sensualidade narcótica
nunca duvidei de sua coragem
nem de sua inocência
as palavras às vezes sufocam
bem forte, com as duas mãos
às vezes como pompoarismo
calando nossos uivos para a lua
praticamos uma asfixiofilia inconsequente
enquanto esses versos tentam respirar
em vão
perdemos os sentidos
não quero ser uma Anaïs Nin
mas sexo bom também é amor
assim como o mar precisa da tempestade
um fetiche bom precisa ser punido
Ela quis surpreender o namorado
colocou sua lingerie preta sexy
e se escondeu atrás da porta
esperou ele entrar
vendou-o e o amordaçou
desabaram na cama
ela abriu o seu zíper
e colou o pau dele na boca
treparam por horas
até finalmente ela tirar a mordaça dele
ele agradeceu
se falaram em Libras
ele gostaria de retribuir
ela aceitou
contanto que ele a vendasse
ela tinha catarata, ele era mudo
Se escondia num canto do pátio
com o canudinho na boca
sem que ninguém o notasse
parecia uma sombra
seu capuz chegava até a altura dos olhos
mesmo nos dias de calor
estava com o seu moletom
preto
um dia ela chegou
sentiu raiva
ela tinha um moletom igual ao dele
preto
pior
também gostava de Mupy
já basta! foi tirar satisfação
ambos eram intolerantes a lactose
Aqui estou eu de novo
mais impreciso do que nunca
meu coração esmurra meu peito
não aguenta mais
subindo e descendo as ruas
me distraindo com os ambulantes
desviando das ciganas
querendo que o dia acabe
o silêncio dela
é um prejuízo para minha salubridade
uma areia movediça
me mandando para o centro da Terra
desamparado, atravesso o cemitério
deixo a coroa de flores
o dia está muito quente
as lágrimas evaporam antes de chegar ao chão