Era propaganda eleitoral. Dizia:
22 setembro, 2010
Era propaganda eleitoral. Dizia:
18 maio, 2010
Ah, vai se fuder, Rosanna Arquette!
17 maio, 2010
O desespero da diversão incomoda
23 agosto, 2009
- METROPOLIS - de Gottfried Huppertz, uma das primeiras trilhas de filme-mudo compostas especialmente de acordo com a narrativa do filme
- LIMITE - Mario Peixoto foi dos primeiros a sacar como a música de Erik Satie parecia feita para o cinema
- LAURA - a trilha de David Raksin é um dos momentos mais marcantes da Era de Ouro das trilhas sonoras
- PSICOSE - o ponto alto da carreira de Bernard Hermann, virou sinônimo de suspense
- 2001 - Kubrick pôs o Universo pra dançar ao som de Strauss
- EASY RIDER - Primeira trilha a apostar com sucesso no uso de canções compiladas
- DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL - Sergio Ricardo captou a urgência do cinema de Glauber Rocha
- AMARCORD - Nino Rota traduziu musicalmente o universo de Fellini
- STAR WARS - John Williams e o épico intergaláctico que mudou o cinema de hollywood
- PULP FICTION - a compilação de canções marcantes ilustra o cinema de referências pop de Tarantino com perfeição
13 agosto, 2009
Crescente, cheia, minguante (Antonio Prata)
Estava ali no sofá, Coca-cola numa mão, controle remoto na outra, quando dei de cara com a lua, na TV Cultura. Uma voz seríssima - como convém aos narradores de documentários - perguntava: “de onde terá vindo?”
Ora, até aquele momento, eu pensava que a lua não tivesse vindo de lugar nenhum, simplesmente girasse ao nosso redor, des’que o mundo é mundo, a influenciar marés e poetas bissextos. Pois o homem disse que não. Houve uma época em que toda noite era escura, não havia marés nem poetas bissextos e a Terra rodava em torno do sol, desnuda de seu satélite natural.
“E aí?! E aí?!”, perguntei-me, angustiado em meu sofá, como se perdido no breu das noites primevas. Bem, não se sabe exatamente. Ou vários pedregulhos que estavam vagando por perto - serragem da criação do Sistema Solar - acabaram se aglomerando e formando a lua, ou, o que é mais provável, ela é um naco da Terra, arrancado pelo impacto de um asteróide. E esse naco, antes disforme, girou por tanto tempo à nossa volta que acabou redondo, “como um caco de vidro à beira mar.” – palavras do narrador.
Uma das missões do programa Apolo era descobrir do que a lua era feita e, assim, provar uma das teorias. Se fosse sangue do nosso sangue, seria filha do impacto. Se feita de serragem do sistema solar, a hipótese do aglomerado vencia. Pois Neil Armstrong e seus colegas trouxeram todos os pedregulhos que couberam nos porta-malas do módulo lunar, os cientistas da NASA analisaram tudo com seus aparelhos e, no fim, vieram a público dizer que, bem, não haviam chegado a uma conclusão. A lua era parecida demais conosco para negarmos que fosse nossa costela, mas diferente o suficiente para suspeitarmos que, bem, talvez não fosse.
O mais incrível, contudo, o homem de voz grave deixou para o final. Em 1969, os astronautas deixaram em solo lunar um quadradinho de cristal, menor do que uma carta de baralho. Toda noite, desde então, num vilarejo do Texas, um sujeito chamado Phil pega sua bicicleta, pedala até o topo de uma colina e puxa o gatilho de um enorme canhão de laser, mirando bem no meio do quadradinho. O laser bate lá, volta à Terra e Phil anota quanto tempo demorou. A cada dia, o raio demora mais para voltar, o que prova algo que os cientistas já desconfiavam: atraída pelo sol, a lua se afasta de nós, 1,89 cm por ano. Um dia, ela estará tão próxima ao sol que será engolida pelas chamas.
Terminado o documentário, eu estava melancólico como o diabo. No fim das contas, a lua se parece muito com outra coisa, que sabemos do que é feita, não exatamente como surgiu e só podemos afirmar com certeza que um dia acabará. Enquanto isso, brilha - dirá o poeta bissexto. Algumas noites, algumas noites...
Antonio Prata:
10 agosto, 2009
Arnaldo Batista, Simonal e Tim Maia
Em vez de Loki, o título do documentário que conta a tragédia de Arnaldo Batista, podia ser: “A capacidade que determinadas mulheres têm para foder com a vida de determinados homens”. Pelo menos a Rita Lee não apareceu no filme para dizer que o coitado que ela resolveu apagar dos seus registros é um gênio. Achei honesto da parte dela. E, para ser sincero, não podia esperar nada diferente de uma senhora que acende incensos, reza para alfaces hidropônicas e condena os consumidores de chuleta ao fogo dos infernos. Parceirinha do Jabor. No documentário, algumas pessoas dão depoimentos sinceros, e confessam a incapacidade diante do desconhecido – o que já é alguma coisa ou pode ser coisa nenhuma, depende do ponto de vista.
texto completo de Marcelo Mirisola:
http://congressoemfoco.ig.com.br/coluna.asp?cod_canal=14&cod_publicacao=29252
17 março, 2009
É PRECISO MUDAR O HOMEM
Culpar a quem, senão ao próprio homem?
Propostas surgiram, avançaram, mas jamais alcançaram o bem-estar.O homem continua só e solitário. A batalha do dia-a-dia não lhe permite raciocinar. E o que é a batalha do dia-a-dia senão guerra de outro tipo?E o que é a exploração do homem pelo homem que não escravidão disfarçada?
O que fazer?
Essa pergunta já foi feita e deu no que deu.
Outra pergunta: É possível mudar o sistema sem mudar o homem?
É a História quem responde: nada feito.
Mudar o homem.
Eis a solução.
Mas de que forma?
Alguém tem alguma idéia?
Diógenes percebeu isso há 2.500 anos. Quando lhe perguntaram a razão de andar com uma lanterna acessa durante o dia, respondia: procuro o homem.
Platão fez algumas sugestões, Aristóteles também tentou. Que o digam Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho.
Os utopistas cansaram de oferecer alternativas.
Thomas Morus dirá que o decapitaram e depois o santificaram.
Tudo por obra do animal homem.
Até Marx foi enganado.
Porque acreditava no homem generoso e no homem solidário.
O resultado todos conhecem.
Então não haverá solução?
Claro que há.
Ela começa por você!
16 março, 2009
11 fevereiro, 2009
funeral .
quedo ahí, arbitral
es fatal...
No, no es fatal, es normal
es algo que pasa en general
como una tension abdominal
o una inflamación uretral
Pero lo mio es un dolor visceral
no trimestral, ni primaveral
es sepulcral.
Tu silencio es sepulcral.
06 fevereiro, 2009
VHS
05 fevereiro, 2009
A adolescência na lata do lixo
"Continuo – depois de quase um quarto de século – achando o Silvio Santos melhor que os Titãs. Muito melhor. Toda a contestação, todas as privadas vomitadas e a “violência” primordial do grupo não resistiram a um “Qual é a Música?” Tá tudo documentado no filme do Branco Mello, "Titãs – a vida até parece uma festa".
O filme é muito bom. Tem um roteiro inteligente e direto, sem enrolação. Até as imagens precárias e mal iluminadas dos bastidores e porões reforçam a narrativa-colagem, Branco Mello acertou em cheio. Porém, acertou no alvo errado. O problema é que eu era um adolescente nos oitenta, e aquilo foi uma merda para mim.
Explico. Digamos que as imagens captadas por Branco Mello não se prestaram apenas para reforçar meus preconceitos com relação àquela época, mas sobretudo foram úteis para reafirmar minha convicção de que a adolescência é o período mais patético da nossa existência, e de que o Silvio Santos realmente é um gênio. Ta lá no filme. O Homem do Baú encaçapou os garotos e seria capaz de, sei lá, encaçapar um Andy Warhol em quatro tacadas se quisesse. Nem os Titãs, nem os culturetes daquela época – e nem as bichinhas culturais ilustradas de agora – jamais aceitariam e/ou compreenderiam um negócio desses. É muita areia pro caminhãozinho tropicalista deles. Embora alguns tenham se esforçado. Há pouco tempo, a consciência ilustrada começou a pesar terrivelmente e, num esforço sobre-humano, os vagalumes e pirilampos dos segundos cadernos resolveram reciclar Odair José e outros lixos transformando-os em ídolos “cults”. Mas esse é outro assunto. Não quero me perder em digressões.
Voltando ao filme. Os garotos do Titãs pagaram pau pro Silvio Santos, e o constrangimento deles era visível. Sabem por quê? Porque quem tripudiava do cabaço e subvertia a “subversão” deles era o dono da festa. O Homem do Baú foi quem, ainda nos cueiros, civilizou os “bichos escrotos”. Viraram franguinhos de granja eletrônica.
Os olhares “subversivos” que Nando Reis e Paulo Miklos trocam no programa “Qual é a música?” resumem não apenas o espírito rendido do rock and roll brasuca, mas a perda de tempo que foi a década de oitenta aqui em nossas plagas. Pensando bem – com exceção do Cazuza – a Aids matou pouco e foi a trilha sonora merecida desses mauricinhos que sempre usaram Jontex para fazer rock and roll, digo, para se proteger e garantir o churrasquinho no condomínio fechado, enfim, para zelar pelo conforto de suas proles caretas e respectivas carreiras bem-sucedidas. Qual é a música? (...)"
leia o texto completo "Qual é a música?" de Marcelo Mirisola aqui:
http://congressoemfoco.ig.com.br/DetArticulistas.aspx?articulista=561&colunista=22
26 janeiro, 2009
"Vejo a utopia no horizonte. Tento me aproximar dela e dou dez passos. Ela se afasta de mim dez passos. Ando mais dez, e ela se afasta mais dez de mim. Ando mais cem passos, e ela se afasta cem passos imediatamente de mim. Para que serve, então, a utopia? Serve exatamente pra isso. Para fazer andar..."
Eduardo Galeano
23 janeiro, 2009
ISRAEL COMETEU CRIMES DE GUERRA
21 janeiro, 2009
NAQUELA NOITE
Naquela noite eu não fiz nada que não confirmasse plenamente minha opção de vida, meu sacerdócio. Não decepcionei meu fígado bebendo menos do que ele esperava. Não fui pra casa e fiquei ouvindo alguma música vagabunda em alguma rádio de Internet. Não pedi desculpas, nem admiti erros que não cometi. Em vez disso, apenas andei sem rumo como costumo fazer quando as coisas fogem do controle. Entrei em bares e bebi Domecq como não costumo fazer. Sempre vou de whisky, mas naquela noite a porra do bar não tinha gelo. Então fui de Domecq já que a merda do boteco também não tinha Jack Daniels. Vi uma mulher fazendo um boquete num sujeito dentro de um carro e o cara não parecia feliz. E quer saber? Não o culpei por isso. Tenho evitado apontar o dedo na cara de quem quer que seja. Tenho pensado insistentemente que no segundo seguinte posso estar sendo chutado com a cara no chão. Então que adianta bancar o fodão? Penso que apenas devo fazer as coisas do meu jeito antes de atravessar a fronteira. Dizem que é pra breve. Naquela noite, pessoas morreram em algum lugar. Outras enlouqueceram. Algumas até pareciam felizes. Eu era só um cara andando sem rumo e bebendo Domecq como não costumo fazer. Mas teve um momento que eu me emocionei ouvindo no telefone uma amiga que contava chorando sobre o amigo que ela tinha perdido. Definitivamente perdido. Algumas coisas são definitivas. Eu estava bêbado demais pra acreditar que aquele era o lugar ideal, pra se estar, naquele momento, naquela hora da madrugada. Mas não era uma noite perfeita. Eu estava bebendo Domecq. Pensando bem, era uma noite bem esquisita aquela. Então voltei pra casa. Minha filha estava dormindo. Ela parecia tranqüila. Abri as janelas e respirei com dificuldade. O telefone tocou e eu deixei tocar. Deitei na rede e dormi como fazem os caras que não traem seu estilo de vida, seu sacerdócio. Foi uma noite filha da puta de desgraçada, mas ainda era eu que estava ali balançando naquela rede. E ainda era eu quando finalmente adormeci. Eu merecia um sonho bom. Naquela noite.
