30 maio, 2007

A literatura dos vestibulares

Ciclo de palestras sobre a literatura dos vestibulares
BMA - Biblioteca Mário de Andrade

A terceira edição do curso Vestibular e Literatura ocorre a partir de 26/5, na Galeria Olido. A iniciativa tem por objetivo promover palestras sobre as obras literárias exigidas pelos vestibulares da PUC, FUVEST, UNICAMP E UNESP. No dia 26, às 10h, Fernando Segolin abre o ciclo com os Poemas completos, de Alberto Caeiro. Na programação ainda constam obras de Graciliano Ramos, Carlos Drummond de Andrade, José de Alencar, Guimarães Rosa e outros.
O curso é gratuito e não há necessidade de inscrição prévia. A entrada será por ordem de chegada. A coordenação do programa é de responsabilidade da professora Sandra de Camargo Rosa Mraz, da PUC-SP, que mantém o ciclo com palestras até o mês de Agosto.

Maiores informações podem ser obtidas através do telefone 3256-5270, ramal 206 e do e-mail: kbocchi@prefeitura.sp.gov.br

Confira a programação abaixo. Cine Olido, às 10h.


Dia 26/5: Poemas completos - Alberto Caeiro
Dia 2/6: Iracema - José de Alencar
Dia 16/6: A rosa do povo - Carlos Drummond de Andrade
Dia 23/6: Vidas secas - Graciliano Ramos
Dia 30/6: Dom Casmurro - Machado de Assis
Dia 4/8: Memórias de um sargento de milícias - Manuel Antônio de Almeida
Dia 11/8: Sagarana - Guimarães Rosa
Dia 18/8: O velho da horta - Gil Vicente
Dia 25/8: A cidade e as serras - Eça de Queirós

Como consegui ver o Skatalites?

Para assistir ao show do Skatalites não foi fácil. Dois meses antes liguei para o Sesc Pompéia para saber quando seriam vendidos os ingressos, uma vez que já estava confirmada a vinda deles. A moça, no entanto, parecia não saber sobre o que eu estava falando. Tive que me conformar e retornei a ligar quinze dias depois, e a reposta não foi muito diferente. Neste momento o próprio sítio do Sesc já informava a atração jamaicana.

Mais ou menos um mês antes da pioneira banda de ska fazer os seus shows, fui até a unidade do Sesc comprar entradas para uma peça de teatro e perguntei do show. A resposta foi a pior possível: os ingressos haviam acabado.

Chegando no escritório liguei para os responsáveis pelo show e pedi que tivesse um show-extra, afinal, estava preste a pular da janela se não o fizesse.

Toquei minha vida. E dias mais tarde, minha namorada me liga e fala sobre gravação do DVD que eles iriam fazer, liguei para o Sesc e fui informado que haviam somente vinte ingressos. Não daria tempo de comprar, pensei. Liguei para ela: não dá. “Dá sim”, disse ela.

Fui rápido. Em quinze minutos estava eu entrando na unidade Santo Amaro quase correndo e sem fôlego. Tinha um rapaz que também queria comprar três ingressos para o show. Já era, pensei. Não vai sobrar. Chegaram mais cinco pessoas para comprar.


O computador travou. Teve que ser reiniciado e estava muito lento. Desisti. Fui embora. Tinha se passado uns quarenta minutos e liguei para a Karla, minha namorada, para avisar que não tinha conseguido as entradas. Estava muito triste.
Ela ligou para o Sesc e me retornou na seqüência. Tinham disponíveis trinta e cinco ingressos. Voltei sem ar novamente. A mocinha da bilheteria me informou que eles abriram para venda a “galeria”. Todos lá compraram seus ingressos. E eu vi o mais fantástico show de ska que alguém pode imaginar.

29 maio, 2007

Flap 2007

olha aí Karla, escolhe um dia para irmos.
o dia do Mario Mortolotto parece bacana...


FLAP 2007: CONTAMINAÇÕES

Dias 30 de junho e 1º de julho de 2007
Espaço dos Satyros I (Pça. Roosevelt, nº 214)
São PauloDias 4 e 5 de agosto de 2007
Rio de Janeiro (programação em breve)
Realização: Projeto Identidade
Apoio: O Casulo, Os Satyros & Sebo do Bac

PROGRAMAÇÃO (sujeita a modificações)

Sábado, dia 30 de junho

[1] 10h às 11:30h - Abre-alas: Contaminações
Mediação: Andréa Catropa, poeta
- Antonio Vicente Pietroforte, escritor e Prof. Dr. Depto. Lingüística, FFLCH-USP
- Glauco Mattoso, poeta
- Anselmo Luis, o Bactéria
- Marcelino Freire, escritor

[2] 13h às 14:30h - Turma do Fundão: A Literatura na Sala de Aula
Mediação: Ivan Antunes, poeta
- Maria Elisa Cevasco, Profa. Dr. Depto. Letras Modernas, FFLCH-USP
- Maria Nilda Mota de Almeida, Dinha, escritora e educadora
- Representante da APOESP (a confirmar)
- Adilson Miguel, editor de literatura juvenil
- Eduardo Lacerda, editor de O Casulo
- Jornal de Poesia Contemporânea

[3] 14:30h às 17h - E quem vive disso?
Mediação: Ana Paula Ferraz, jornalista e escritora
- Marcelo Siqueira Ridenti, Prof. Titular de Ciência Política, UNICAMP
- Santiago Nazarian, escritor
- Maria Luíza Mendes Furia, poeta
- Andrea Del Fuego, escritora

Domingo, dia 1º de julho

[4] 12h às 13:30h - O Além Livro
Mediação: Del Candeias, poeta
- Alberto Guzik, crítico, escritor e dramaturgo
- Lourenço Mutarelli, escritor e cartunista
- Mario Bortolotto, escritor e dramaturgo
- Eduardo Rodrigues, escritor e cartunista

[5] 14:30h às 16h - Influenza: Soy loco por ti America
Mediação: Vanderley Mendonça, editora Amauta
- Horacio Costa, poeta e Prof. Dr. Depto. Letras Clássicas
- Elaine de Araújo, Profa. Dra. Letras, UFSCAR
- Marcelo Barbão, editora Amauta
- Alfredo Fréssia, poeta e tradutor
- Joca Terron, escritor

28 maio, 2007

Have A Little Faith In Me


Have A Little Faith In Me - The BellRays

I fell upon a dream last night.
We were together.
Hey baby
have a little faith in me.

I swore that we’d get out alive.
You wouldn’t surrender.
Hey baby
have a little faith in me.

They say time
knows where we’re going.
I wish time
would stop right here.

You’re afraid to lose your love.
I don’t blame you.
Hey baby
Have a little faith in me

They say time
knows where we’re going.
I wish time
could stop right here.

You’re afraid to lose your love.
I won’t let anything harm you.
Hey baby
Have a little faith in me.

27 maio, 2007

Top 10

O ranking de discos mais vendidos no Brasil no período de 16 a 22 de maio.

1 - "Ivete no Maracanã - Multishow ao Vivo" - Ivete Sangalo
2 - "Minha Benção" - Padre Marcelo Rossi
3 - "Minutes to Midnight" - Linkin Park
4 - "Paraíso Tropical - Nacional" - Vários
5 - "The Best Damn Thing" - Avril Lavigne
6 - "Românticas" - Edson & Hudson
7 - "Banda Calypso 100%" - Banda Calypso
8 - "Homenagens " - Ricky Vallen
9 - "Em Foco" - Amado Batista
10 - "Vol. 10 - Acelerou" - Banda Calypso

Semana de Jornalismo da PUC-SP 2007

Olha aí Karla:

Semana de Jornalismo da PUC-SP

28 DE MAIO A 1º DE JUNHO DE 2007
DEBATES: SALA 333 / OFICINAS: ESTÚDIO DE TV
O COMPROMISSO DO JORNALISMO NA NOVA REALIDADE DA AMÉRICA LATINA


28/05/2007 - SEGUNDA
09:00 – 12:00 – Jornalismo e a conjuntura política e econômica da
América Latina.
Paulo Arantes – Filósofo e Professor da USP.
Valério Arcary – Historiador e Professor do CEFET.
Oswaldo Coggiolla – Professor da USP.
Dario Pignotti – Jornalista da Agência Ansa e do Le Monde Diplomatique.
Coordenação: (Professor José Arbex Jr. e estudante Valério Paiva).
14:00 – 17:00 – Oficina de Imagens da América Latina: Fotografias e Documentários.
Convidados: Fotógrafos Juca Martins e Nair Benedicto.
Coordenação: (Professor Salomon “Samuca” Cytrynowicz e Julia Chequer).
19:30 – 22:30 – Imprensa neoliberal e violência na América Latina –
a realidade brasileira.
Eduardo Brito – Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Mara do Hip Hop.
Movimento Negro. Falta Confirmar
Professor da PUC-SP – Falta Confirmar
Coordenação: (Professor Hamilton Octavio de Souza e estudante Jaqueline Nikiforos).

29/05/2007 – TERÇA
09:00 – 12:00 – Mídia, drogas, imperialismo e criminalização da pobreza.
Henrique Carneio – Professor da USP.
Rosalina Santa Cruz – Professora do Serviço Social da PUC-SP.
Maurício Fiori – Doutorando em Ciências Sociais na Unicamp.
Carlos Alberto Duarte - Presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo.
Coordenação: (Professor Marcos Cripa e estudantes Pedro Ribeiro e Fabiana Nanô).
14:00 – 17:00 – Oficina de Literatura da América Latina: Os Novos Autores e a Construção do Imaginário.
Convidados:
Ivan Marques – Programa Entrelinhas da TV Cultura.
Laura Hosiasson – Departamento de Letras Modernas da USP.
Coordenação: (Professora Eliane Robert Moraes e estudante Fabiana Nanô).
19:30 – 22:30 - O papel da internet para a integração latino-americana.
Pablo Ortellado – Centro de Mídia Independente e da USP.
Luiz Carlos Azenha – Editor de Blog.
Carlos Latuff – Cartunista.
Coordenação: (Professora Pollyana Ferrari e estudante Luka Franca).

30/05/2007 – QUARTA
09:00 – 12:00 - Os meios de comunicação e os movimentos sociais da América Latina.
Alejandro Buenrostro – Exército Zapatista de Libertação Nacional.
Tatiana – Direção Estadual do MST.
Helena Silvestre – Coordenação do MTST.
Lúcio Flávio de Almeida – Professor da PUC-SP.
Coordenação: (Professor Silvio Mieli e estudante Pedro Ribeiro).
14:00 – 17:00 – Oficinas de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) e de Iniciação Científica.
Convidados:
Coordenação: (Professores Renato Levi / Valdir Mengardo / Luiz Carlos Ramos / Flamínia Lodovici e estudante Raiana Ribeiro).
19:30 – 22:30 – Jornalismo Ambiental e os Recursos Naturais da América Latina – O Futuro da Amazônia.
Sandro Cardeliquio – Eco Spy.
Tatiana Pavão – Professora da Biologia da USP.
Representante do IBAMA.
Representante do MAB.
Coordenação: (Hamilton Octavio de Souza e estudante Felippo Cecillio - Guga).

31/05/2007 – QUINTA
09:00 – 12:00 – Os padrões digitais e as redes públicas, universitárias e
estatais de TV na América Latina.
Diogo Moysés - Intervozes.
Representante da Enecos.
Adriano de Angelis – TV Brasil – Canal Integración.
Representante da Associação Brasileira de TVs Universitárias.
Coordenação: (Professor Julio Wainer e estudante Fábio Nassif).
14:00 – 17:00 – Oficina de Cinema Latino-Americano: os clássicos e a produção do Século 21.
Convidados: Maria Ângela de Jesus e outros.
Coordenação: (Professor Wladyr Nader e estudante Luka Franca).
19:30 – 22:30 – O imperialismo e a imprensa de resistência na América Latina.
Jorge Pereira Filho – Editor da Agência Brasil de Fato.
Bia Barbosa – Jornalista da Agência Carta Maior.
Representante da Agência Adital.
Professor da História da PUC-SP.
Coordenação: (Professora Rachel Balsalobre e estudante Julia Chequer).

01/06/2007 – SEXTA
09:00 – 12:00 – O futebol, a cobertura jornalística e o problema da
exclusividade na radiodifusão da América Latina.
Roberto Thomé - TV Record.
Representante da TV Bandeirantes.
Paulo Calçade – Editor da ESPN.
José Maria de Aquino - TV Globo.
Coordenação: (Professor Luiz Carlos Ramos e estudante Rafael Thomé).
14:00 – 17:00 – Oficina de Artes: a influência da música e da dança na
construção da cultura popular da América Latina.
Convidados: Professores e Grupos Musicais e de Dança.
Coordenação: (Estudante Laura Barile).
19:30 – 22:30 – Jornalismo Cultural e Arte, Cultura e Mercadoria na América Latina.
Sylvia Colombo – Repórter da Folha de S. Paulo.
Ana Rusche – Poetisa e Professora da USP.
Daniel Candeias – Escritor.
Vitor Sartori – Ensaísta.
Coordenação: (Professor Fabio Cypriano e estudante Gustavo Assano).

Rua Monte Alegre 984 – Perdizes – São Paulo – SP
http://www.pucsp.br/imprensa/noticias/varias_noticias/25_05_07_semana_jornalismo.html

23 maio, 2007

Skatalites no Sesc Pompéia (16/05 no teatro)



Foi uns melhores shows da minha vida, sem dúvida.
De arrepiar!

Ska!

20 maio, 2007

Ontem na Sala São Paulo

John Neschling - regente
Sharon Bezaly - flauta

Arthur Honegger - Pacific 231
Kalevi Aho - Concerto para Flauta
Johannes Brahms - Sinfonia nº 3 em Fá maior, Op.90

14 maio, 2007

Enem 2007

Alguns dos meus alunos irão prestar o Enem 2007. Também vou. Seria bom ter umas aulas de química, física e matemática. Biologia e gramática consigo me virar. História, geografia e interpretação de texto é obrigação acertar...
Inscreva-se aqui:

09 maio, 2007

Festival de Bragança Paulista 2007

Gostaria muito de poder participar, porém esses dias coincidem com o encerramento do 2o. bimestre escolar e com ele toda a burocracia característica de encerramento letivo antes do recesso. Pode ser que este detalhe me atrapalhe um pouco. Mas vou ver se pelo menos faço o curso relacionado a História, pois pode me enrriquecer com informações para meu trabalho de pesquisa. As aulas de contrabaixo acústico serão ministradas pela Ana Valéria Poles (foto) solista da OSESP. A incrição de R$ 25,00 valerá até 31 de maio e os alojamentos e as refeições serão gratuitos.
O Festival Música das Esferas (FMDE) terá o núcleo acadêmico com aulas de instrumentos e prática junto à Orquestra Sinfônica com início no sábado, dia 30 de Junho e se encerrará no domingo, dia 08 de Julho, com o concerto de encerramento da Orquestra Acadêmica do FMDE. As Oficinas Culturais Raphael Barker vão de 02 de junho a 15 de julho. Os concertos (todos gratuitos) vão de 17 de junho a 15 de julho. As master-classes de História da Música no Brasil acontecerão nos dias 11 e 12 de julho.

08 maio, 2007

Agora complicou mesmo!

Preciso achar um tempo para estudar. E quando tenho tempo acabo tendo que dividi-lo com outros deveres. Assim fica difícil! É. A UFPR publicou o manual do candidato para seleção do mestrado em História. Lá eles tem a linha de pesquisa "Cultura e Poder" e a inscrição poderá ser feita até o dia 13 de agosto para concorrer a uma das 13 vagas (opa! o número 13 duas vezes...não que eu seja supersticioso). Mais 12 textos para a prova do dia 24 de agosto e o projeto com no máximo 15 laudas. Só isso.

Acima, o tal de Ludwig Streicher.

07 maio, 2007

Sé Virada (Conflito Urbano, Caos Social, Cultura Pulsante...)


Na Sé, o cheiro era de pólvora. Mas eu prefiro as rosas
Show do Racionais acaba em tiros. Em vez da festa, choque toma conta da praça

por Flávia Guerra

SÃO PAULO - É com os olhos rasos d’água, e de gás lacrimogêneo, que escrevo este lamento. 6h02 da manhã. São Paulo amanhece após mais uma Virada Cultural. No marco zero da maior metrópole do País, a vigília inspirada nas Noites Brancas européias, virou noite turva. “06 de maio de 2007. Madrugada de sábado para domingo. Outono no Brasil. Esta data vai ficar marcada”, profetizou o tão aguardado Mano Brown ao pisar o palco da Praça da Sé, que já havia recebido Alceu Valença e Nação Zumbi.
Os mano bem que tentaram. Guerreiro de fé nunca gela, não agrada o injusto e não amarela. Mas na madrugada, gelou. Injusta noite adentro. E o peso do maracatu atômico do Nação deu lugar ao clima pesado que tomava conta da multidão que se espremia na praça para ver os manos racionais. Mas a noite era de irracionalidade. 1.000 Trutas. 1.000 Tretas. Depois de amargar uma espera de mais de uma hora e meia para ver o Racionais, a multidão já estava amargurada. O caldo foi engrossando. O circo estava armado quando, finalmente, às 4h45, a nação periferia pôde ver um Brown sóbrio, de negro da cabeça aos pés. Elegante em sua incessante luta pela periferia paulistana, o rapper naquela noite perdeu a batalha para as balas, o gás e a tropa de choque.
A treta começou muito antes, do lado esquerdo do palco. 4h15 da matina. Sob as torres da igreja, os manos de São Matheus se estranharam com os Manos de Pirituba. Briga, tumulto, choro. Josafá colou na grade às oito da noite. As costelas dele também. 15 anos, mirrado, olhos vivos, costelas moídas na multidão. Josafá veio sozinho de Perus. Tomou dois ônibus. Gastou uma hora para ver o Racionais. “Vim foi sozinho. Mas vale a pena. Nunca vi os caras ao vivo”, dizia um entediado garoto, que não entendia muito o coco dub afrociberdélico dos manos da Nação Zumbi.
Eles misturam com maracatu. “É bom sim. Mas maracatu? Sei que é isso não. Alfaia?” Alfaia, o tambor de maracatu que a Nação sabe tão bem casar com o peso do rock. A mãe nordestina de Josafá deve saber o que é. Josafá, minutos mais tarde se safaria da maior muvuca provavelmente já presenciada pela tão vivida Sé. “Posso pular aí no cercadinho, moça repórter? O aperto aqui tá pegando.” E o bicho pegou mesmo. Os bicho-soltos de Pirituba barbarizaram. "Chama a polícia!" "Polícia só piora nestas horas. A gente mesmo apazigua", disse a voz da experiência de um segurança do evento. De fato. Paz refeita. Alguns estilhaços.
De Júlio Silva, só restou a camiseta. A calça e a cueca viraram boi de piranha na multidão. Olhos inchados, vergões nas costas. “Eu não tenho nada a ver com a treta dos cara, mano. Como é que eu vou voltar pra casa?” “Apazigua e curte. Tu pensa depois”, aconselhava Wilter Paulo, da Bela Vista. “Também me deixaram pelado, mina. No bate-cabeça, nego veio bater a bombeta em mim. Eu fui reclamar, levei.”
Quem levou mesmo foi a galera do chiqueirinho vip. As cadeiras brancas caprichosamente colocadas à frente do palco para playboy e mano chegado verem o show viraram arma na mão dos revoltados. A galera invadiu geral a área vip. A segurança contratada, sem ajuda da polícia, apaziguou. Pouco depois, o show começou. A paciência venceu. O desodorante também. UH! É Racionais! 4h35. O show começa. “Hoje sou ladrão. Artigo 57. As cachorras me amam, os playboy se derretem.”
Brown cantava o Negro Drama da falta de acesso no Brasil. “Fernando de Noronha para a periferia. Por que só playboy que pode? No Brasil tem muita natureza”, pregava o messiânico Brown. Na periferia paulistana é que não mora o bucolismo. O sorriso não é fácil de brotar na cara dos manos. “Show do Racionais é sempre assim. Sempre tem alguma coisa. Mas sempre acaba tudo bem”, apostava uma fã esperançosa do Aricanduva.
Ledo engano. Naquela noite a treta era das grandes. “Que fita é essa, mano?” Era o certo pelo certo, como dez e dez é vinte. Era certa a treta. A multidão engrossou. O caldo entornou. “Por que eu só falo mal de polícia. Até ladrão me pergunta isso, mano. Por que será? Eu só falo as histórias. A opinião do povo conta muito na letra”, profetizou o rapper. Minutos depois a polícia mostrou a que veio. O lado esquerdo apaziguou. O direito entornou. Vandalismo e briga.
De quem é a culpa? De todos. Brown dizia “Imagina só o Brasil sendo melhor.” Pense! E na multidão, pense no caos. O show parou. “Ei, mano, vamo pará com a treta, meu. Fica na humildade e vamo pensar na vida do irmão. Fé em Deus que ele é justo.” A palavra de ordem desordenou. Uh! Irracionais. “Gambé filha da p...” era o grito de guerra da galera. No marco zero da cidade, todas as regiões se encontram. Todas as periferias se identificam. Todos os manos (sejam eles da quebrada ou não) desembestam. As minas desesperam. Gás, lágrimas. Bombas de efeito moral. Tiros reais. Desmoralizante.
Brown é brasileiro e não desiste nunca. O show continua. As bombas também. “Eu vou falar o que eu tô vendo. Tô vendo uns mano batendo cabeça e todo mundo em volta. Revolta tem hora. Policiais, abaixem as armas. Só tem família aqui hoje. Tem criança. Tem mulher.” Tinha de tudo. Faltou a fé. “Tá suave. Vamos continuar a festa.” A muvuca não suavizou. Nem a polícia. Os estampidos apavoraram. “Rebeldia desnecessária, mano. Vamos apaziguar. Abaixa a arma, polícia.” A multidão invade o palco. Brown é guerreiro de fé. Não amarela. Continua professando sua fé ao lado dos fãs.
“Parabéns, vocês conseguiram. Acabou. Vão para suas casas. Vão com Deus.” 5h06. Brown desistiu. A festa acaba. O gás toma conta da praça. A massa se espalha pelas vielas. Vidros quebrados, grades envergadas, garrafas estilhaçadas. Na Quintino Bocaiúva com a Regente Feijó, carros destruídos. Os mano e as mina fugiam do choque. Esgueiravam-se ora ensandecidos, ora cabisbaixos. Parecia cocaína. Mas era só tristeza.
Na (pá) Virada Cultural da Sé, quem tocou foi o terror. 6h05. Estampidos ainda eram ouvidos na ladeira. Vida loka. Cabulosa. O cheiro era de pólvora. Mas eu prefiro as rosas. E os milhões de fãs também.

http://www.estadao.com.br/ext/especial/extraonline/galerias/cidades/2007/05/06/08133000/