30 julho, 2010

Vida salgada


A alegria da maré
Dona Amor foi mariscar
o mar que vêm
junto com os sonhos

o sol bate sem dó
nas costas da senhorinha
o mar que vai
junto com os sonhos

joga o marisco no cesto
chega o fim do dia
empurra o carrinho
até o Mecado Modelo

a lua surge em Salinas da Margarida

prateado são seus trocados
parece pouco
mas amanhã tem mais

24 julho, 2010

A mercê das manhãs


Eu, pecador
me confesso
nessa manhã de domingo
voltando do banheiro
e pedindo um croque monsieur
Eu voltei pro alcoolismo
se tenho que ver essa garota linda
quase etérea no balcão
intimidando meus passos
a carinha de Juliete Binoche
perguntando: “o que cê tá fazendo?”
“você não tá gostando?”
“continua”.
meus dedos roçando suavemente
o lóbulo de sua orelha
atravessando a cidade
morrendo no balcão de uma padaria
Tenho a bandeira brasileira na porta do meu quarto
e um 38 na gaveta do criado
Tenho os olhos injetados
quando leio um poema do Del na frente do hotel
não preciso beber vodka
ninguém vai cheirar meu hálito quando eu chegar em casa
não tem ninguém esperando por mim nessa manhã
peço um corn flakes e misturo com cerveja
Se esse poema parece um epitáfio
é porque descobri que só é possível morrer
quando os deuses se distraem
Vou entrar num restaurante coreano
e pedir um karaokê
Me parece um bom lugar pra morrer


(Um bom lugar para morrer, novo livro de poemas de Mário Bortolotto)

23 julho, 2010

ROTEIRO, NARRATIVA E MARGINALIDADE NO CINEMA NACIONAL


Docentes: Profa. Dra. Ana Maria Dietrich (UFABC)

Prof. Mestrando Cícero Barbosa Jr. (PUC-SP)

Ementa

A narrativa fílmica no cinema novo e marginal brasileiro dentro das prerrogativas da História Cultural. Cinema versus História: a produção e difusão de tais obras audiovisuais brasileiras. Seu uso em sala de aula e como fonte de pesquisas históricas.

Objetivos

Discutir as formas de elaboração do roteiro, o conceito de narrativa e especificamente, de narrativa cinematográfica.

Fomentar um debate sobre questões interdisciplinares do Cinema versus História, exemplificando com projeções de trechos de filmes brasileiros.

Discutir o uso da fonte audiovisual dentro da linha de História Cultural.

Analisar a narrativa fílmica dentro de seu contexto de produção e difusão, enfocando questões sociais, históricas e literárias

Destacar a diversidade e originalidade do diálogo entre o cinema e a história de maneira a propiciar a ampliação da visão de mundo e o conhecimento das duas áreas e seus territórios de fronteira.

Conteúdos

1º. Dia – Análise da narrativa fílmica por Marc Ferro. A narrativa no Cinema Novo e Marginal.Projeção de trechos de filmes.

2º. Dia – A narrativa fílmica e o cinema novo e marginal: reflexões e contexto histórico. Projeção de trechos de filmes e debates.

3º. Dia – A construção do roteiro por Syd Field dentro do repertório de filmes do cinema novo e marginal + censura no cinema

Metodologia de Trabalho

Desde os estudos de Marc Ferro sobre Cinema e História, o cinema ganhou maior legitimidade como fonte histórica de inúmeras pesquisas na linha de história cultural. Dentro dessa perspectiva, esse curso dará ênfase à produção cinematográfica brasileira denominada como Cinema Novo e Cinema Marginal, discutindo conceitos necessários para se obter um diálogo interdisciplinar. Pretendemos utilizar projeções de trechos de filmes para elucidar os conceitos teóricos trabalhados no curso.

local: UNIVERSIDADE CATOLICA DE SALVADOR
DIAS 28, 29, 30
ANPUH - BA

21 julho, 2010

Teste


Agora sim
me perdi totalmente
cheguei nessa cidade estranha
outro continente

as pessoas não falam minha língua
espero ela voltar
pois se comunica melhor com esse universo
a única que sabe ler os meus olhos e decifrá-los

marquei de encontrá-la no Rick´s Bar
mas agora que percebi
o mapa da cidade ficou com ela
se eu for procurá-la vou me perder também

na verdade não combinamos nada
emprestei um filme para ela
com direito a um desfecho clássico
típico de um dos melhores de todos os tempos


20 julho, 2010

55 km


Não sei mais o que estou fazendo
de repente me pego pensando em você
me distraio e quando tomo consciência
se passaram alguns vários minutos

quando você foi embora
sabia que não voltaria
e sei que se ficasse
não daria certo

quero que os dias passem
e serão necessários muitos dias
para que retome minha concentração
retome a serenidade

parece que estou em uma embarcação
no meio do oceano
poderia jurar que a voz que escuto me chamar
é do canto da ninfa Calipso


19 julho, 2010

Joan Jett


Parece que você sabe e de saber
que estamos no inverno
ele não vai durar para sempre
apesar de ser o meu desejo

sim, temos certeza
que o sol um dia aparecerá
romperá as nuvens
e vai aquecer o asfalto da sua cidade

e quando acabar
todas essas blusas de nada servirão
mas não jogarei fora
guardarei para o próximo inverno

quero tirar meu casaco
mas esse vento gelado dói, machuca
não é culpa dele ou sua
quero sentir o frio. quero sentir

Sombra de dúvida


Minha cabeça na janela
com o carro em movimento
fecho meus olhos com prazer
sinto meu braço dormente

ah! é ela
dormiu em cima dele
será que o sonho
é tê-la aqui ao meu lado?

sinto que é
quanto vejo-a se vestir
acordo mesmo quando vai embora
mas volto para cama

me beija na boca e sai
mas volta
puxa meu cobertor
e se despi


18 julho, 2010

Mais cedo, ou mais tarde


O único jeito
alguma explicação
aqui
espero que leia

minha mãe
descobriu tudo
viu minha caixinha de pílula
fudeu toda minha vida

pra ser mais exata
fui direto pra casa
nem meu celular eu peguei
por isso não te liguei

desculpe
não espere muito por mim
tente aproveitar a noite
beijos


14 julho, 2010

O cara que mudou esse blog

a minha homenagem

10 FEVEREIRO, 2009

Futuras linhas

Achei interessante o filme
Anti-Herói Americano
conta a história de Harvey Pekar
autor da série de quadrinhos American Splendor

tanto que me fez pensar
na maneira que conto o Nada Rima
focando não em pessoas imaginárias
mas em mim

nada de egocentrismo
quero que o leitor viva comigo
experiências verdadeiras
ou mais ou menos isso

não sei se isso vai durar
posso mudar na próxima história
mas pensando bem
muitas histórias já tinham algo assim
homenagem de Mário Bartolotto:

A MANHÃ OUVINDO FRANK SINATRA

http://atirenodramaturgo.zip.net/

Fiquei sabendo agora que o Harvey Pekar morreu. Por coincidência tava ouvindo Frank Sinatra. Não sei porque mas sinto que há uma ligação entre eles, embora Harvey fosse do tipo que ouvia blues antigo. Ele conheceu Crumbcomprando discos antigos de blues como aparece no filme "O Anti-herói americano" que retrata a vida de Harvey e é brilhantemente interpretado por Paul Giamatti. Os dois ficaram amigos. Crumb passou a desenhar as histórias deHarvey. Tô ouvindo Frank Sinatra e com vontade de assistir novamente o filme. Talvez faça isso. Talvez releia "Bob e Harv" que a Conrad lançou por aqui. Aliás, é o único Pekar no Brasil. Ele chegou até a escrever uma história sobre osBeats (The Beats: a graphical history). Vamos esperar que saia por aqui. Sinto que há uma ligação entre Harvey eSinatra. Também sinto que há uma ligação entre ele e meu amigo, o brilhante escritor Marcelo Mirisola. Lembro de assistir o filme e ficar o tempo todo pensando no Mirisola. Era como se o Paul Giamatti conhecesse Mirisola. Bem, ele conhecia Harvey. Meu amigo Fábio Espósito (o Xepa) que interpreta genialmente o Mirisola no teatro (em "O Herói Devolvido" - quem ainda não viu, vai ter a oportunidade de ver na nossa V Mostra Cemitério de Automóveis emSetembro), poderia interpretar o Pekar, ou interpretar o Paul interpretando o Pekar. A verdade é que há uma ligação entre todos eles. Uma ligação que não sei explicar. Vou ficar por aqui ouvindo Frank Sinatra. Talvez releia Pekar. Grande Cara.


.............................................................................................

olha aí o trailer do filme: