31 março, 2009

Trianon-Masp

É bom saber
que não sou o único
e nem o último compulsivo
neste mundo de meu Deus

vi uma moça
com uma sobrancelha bem fina
deve ser difícil se contentar
e tira tudo, quase tudo

com um olhar mais atento
percebi que não havia sobrancelha
e que no lugar de uma
existia uma tal desenhada

quando cheguei perto
percebi meu engano
nem sequer existia uma desenhada
estava em carne-viva

26 março, 2009

Som Óptico

Um amargo desceu feito um nervo de carne
e lentamente parou
esperava e não voltou
perdi totalmente o tempo do desarme

atordoado, não vi os degraus
ou num bibelô tipo bauhaus
apoiado para me levantar
em vão o ar tentava sugar

logo ganhei platéia
minha agonia se prolongava
minha pupila já dilatava
não me vinha nenhuma idéia

o som tocava Milton com Beatriz
ou era algo do Miles Davis
mais calmo, percebi minha paranóia
era eu que havia parado na barriga de uma jibóia

25 março, 2009

Criamos um feriado

O mar me arrastava
sentia o gosto de sal
os olhos ardiam
a densa água fazia um cerco

aquela imensidão me esvaziava
percebi que não dava pé
fiquei, mas os pensamentos se foram
espalhados, flutuavam já longe

ela boiava e eu também
olhávamos para o céu
parecia um filme que vimos
a praia agora era uma sala de projeção

ao anoitecer, o dia parecia submerso
naquele último domingo do verão
a chuva que esperava não veio
os sonhos que esperava se foram

21 março, 2009

RADIOHEAD - SÃO PAULO - SETLIST

1 15 Step
2 There There
3 The National Anthem
4 All I Need
5 Pyramid Song
6 Karma Police
7 Nude
8 Weird Fishes/Arpeggi
9 The Gloaming
10 Talk Show Host
11 Optimistic
12 Faust Arp
13 Jigsaw Falling Into Place
14 Idioteque
15 Climbing Up The Walls
16 Exit Music (For A Film)
17 Bodysnatchers
18 Videotape
19 Paranoid Android
20 Fake Plastic Trees
21 Lucky
22 Reckoner
23 House of Cards
24 You and Whose Army
25 Everything In Its Right Place
26 Creep

19 março, 2009

¿QUÉ TEMPESTAD se acerca y no la escuto?
¿Qué centro se aleja y me vacío?
La luz, la nieve,
la cumbre de azul despavorido,
las garzas de Cuitzeo,
el hilo breve
que deslumbra al músico y al escriba.

Materia del oído y materia que se ausenta.

Las cosas tienen la oscuridad
o el sol de quien las nombra,
poseen cuervos o muñecas
como los líricos gestos del delirio.


Julio Eutiquio Sarabia

Ranking do Ensino Médio

Algumas escolas que trabalhei e suas notas do
Saresp realizado em 2008 (0 a 10...):

46º CALHIM MANOEL ABUD 2,52
90º DUARTE LEOPOLDO E SILVA DOM 2,14
268º SANTO DIAS DA SILVA 1,52
279º COND CARIOBA/RECANTO MARISA 1,49
352º LOTEAMENTO DAS GAIVOTAS III 1,34
369º BELKICE MANHAES REIS PROFA 1,29
430º JOSE GERALDO DE LIMA PROF 1,14
499º EMILIO WARWICK KERR PASTOR 0,94
508º ADOLFO CASAIS MONTEIRO PROF 0,92
535º ESTHER GARCIA PROFA 0,85

17 março, 2009

É PRECISO MUDAR O HOMEM

Dez mil anos já se passaram desde que o primeiro homem aproveitou-se do trabalho do vizinho para lucrar. E até agora nada mudou. Civilizações surgiram e desapareceram. Impérios soçobraram. Guerras, fome e miséria acompanham a humanidade desde então. E nada. Absolutamente nada mudou.

Culpar a quem, senão ao próprio homem?

Propostas surgiram, avançaram, mas jamais alcançaram o bem-estar.O homem continua só e solitário. A batalha do dia-a-dia não lhe permite raciocinar. E o que é a batalha do dia-a-dia senão guerra de outro tipo?E o que é a exploração do homem pelo homem que não escravidão disfarçada?

O que fazer?

Essa pergunta já foi feita e deu no que deu.

Outra pergunta: É possível mudar o sistema sem mudar o homem?

É a História quem responde: nada feito.

Mudar o homem.

Eis a solução.

Mas de que forma?

Alguém tem alguma idéia?

Diógenes percebeu isso há 2.500 anos. Quando lhe perguntaram a razão de andar com uma lanterna acessa durante o dia, respondia: procuro o homem.

Platão fez algumas sugestões, Aristóteles também tentou. Que o digam Santo Tomás de Aquino e Santo Agostinho.

Os utopistas cansaram de oferecer alternativas.

Thomas Morus dirá que o decapitaram e depois o santificaram.

Tudo por obra do animal homem.

Até Marx foi enganado.

Porque acreditava no homem generoso e no homem solidário.

O resultado todos conhecem.

Então não haverá solução?

Claro que há.

Ela começa por você!

16 março, 2009

Os amigos são pessoas que sentam na mesma mesa que a minha. Ou então que sentam na calçada e dividem copos de cerveja  e angústias. Os outros são pessoas com quem não faço a menor questão de me relacionar. Que Deus me livre dos malas e dos sujeitos mal intencionados. Acreditem, há muitos deles por aí. Só quero fazer bem o meu trabalho, acertar as oito bolas no menor tempo possível e beber meu whisky devagar e sem nenhuma ansiedade.  Não quero muito da vida. Só a manhã que há de vir.  E eu ainda espero estar por aqui pra recebe-la com uma encabulada declaração de amor.  

13 março, 2009

Lacuna

Estou apressado
preso ao tempo
e isso tem um preço
pereço lentamente

minha voz emudece
mundo que para de girar
da maneira nem sempre certa
linguagem manca

com a roupa encharcada e suja
me seco sob o sol
já virei suco
um sumo de sangue

a lógica das coisas
estão logo ali
longe de mim
quero loucura, quero ser lírico

12 março, 2009

Bom dia, senhoras e senhores!

Asas

Saía de casa
e pela minha narina
um mosquitinho entrou
relutei em vão

ele foi parar no meio da minha goela
relutou, relutei
sentia um espernear
distraído, quase fui atropelado

parei num bar
pedi um pão na chapa
pedi uma água, um café
e ele parado na garganta

anoitecei e eu ainda aflito
esqueci e fui dormir
quando acordei, bocejei
e voaram vários mosquitinhos

07 março, 2009

MAÇÃ

Por um lado te vejo como um seio murcho
Pelo outro como um ventre cujo umbigo pende ainda o cordão placentário
És vermelha como o amor divino
Dentro de ti em pequenas pevides
Palpita a vida prodigiosa
Infinitamente
E quedas tão simples
Ao lado de um talher
Num quarto pobre de hotel.

Manuel Bandeira.

04 março, 2009

Passos na Língua

Voltei para casa com aquilo na cabeça. Desenvolver um texto. A história da Língua em minha vida. Estranho. Apesar de estar agora na faculdade de Letras, não tinha parado para pensar na importância da Língua na minha trajetória. Algo tão importante e tão necessário, porém desvalorizada das reflexões diárias. 
Na rua, saindo da universidade, vi um morador de rua aparentemente alcoolizado brigando com prostitutas. Talvez seja isso, essa constante assimilação de tudo que vemos e sentimos sem expressar indignação. E se sentimos isso em relação ao cotidiano violento em que vivemos, as reflexões ficam esmagas pela brutalidade do cotidiano que se repete dia após dia, como se o próprio sol batece seu cartão de ponto.
Quando já estava na Marginal (talvez a velocidade com que dirigia me tenha ajudado a voltar tanto assim no tempo) lembrei-me da dificuldade que eu tive para dizer um “oi” para a menina mais bonita da pré-escola. Fiquei vermelho e todos riram. Mas nessa época, doce infância, ficava tudo certo mesmo depois de uma briga por alguém ter ofendido sua mãe ou coisa parecida. Acho que já nessa idade temos noção do poder da Língua, que poderia render um beijo na bochecha na hora da saída, ou então um olho roxo.
Falar é fácil. Nem tanto. Para alguém tímido, é uma espécie de camisa-de-força, pois te impede de fazer várias coisas. E na adolescência pior ainda, pois envolve o sexo oposto. O que fazer? Simples: falar. Por isso entrei no grupo de teatro do colégio que eu tanto tinha raiva, via ali a possibilidade de me tornar fluente em algo que detestava: expor-me. O empurrão foi dado pela própria professora do teatro que procurava alunos que tocassem violão. Aceitei, mas meio com o pé atrás, porque eu tacava meus acordes somente entre as paredes do meu quarto. 
Agora passava pela ponte estaiada, que está parecendo aqueles palcos de bandas gringas que tocam em estádio de futebol e nem de longe lembravam os lugares fuleiros que tocava quando montei minha banda de rock. Me sentia bem no palco. Cantava canções que eu próprio compunha. Para não perder mais as composições (nas folhas de caderno, no verso de informe publicitário e até de pão), comprei um caderno que guardo até hoje com tudo lá. Quando chegar em casa irei até pegá-lo para lembrar das barbaridade que dizia no microfone. 
Já em casa, ao desligar o motor do carro, o silêncio da quente noite paulistana era um alívio, pois meus pensamentos tagarelavam sem parar. Pode ser que tenha escapado e fiquei falando sozinho. Não tinha me dado conta do quanto a Língua já tinha feito por mim, simplesmente porque ela é meu instrumento de trabalho. Sou professor de história desde 2001 e talvez agora seja meu agradecimento tardio dar início ao curso de Letras. Como algo reparador. Agora não sei se devo escrever tudo agora antes de dormir. O que será que tem na geladeira?

03 março, 2009

Estímulo


Por apenas R$ 1,00
não esperava tanto
um copo de café até a boca
um grande gole para não derramar

subi as escadas
andei pelos corredores
o líquido preto parecia correr em minha veias
fiquei ofegante

falta-me ar
parei na janela
o frio da manhã desfez-se rapidamente
desci as escadas

abanei-me com poesias
em prosa minha inquietação
para o último gole
morno, quase frio



02 março, 2009

Faça sua cerveja

Equipamento Necessário

- Moinho 
- 3 Caldeirões de 30 litros com válvula 
- 5 Metros de Mangueira Atóxica
- Bomba para circular Mosto
- 2 Baldes em material atóxico ou inox cônico (Fermentador/Maturador) com válvula 
- Válvula Airlock
- Rolha em Silicone para Válvula Airlock
- Densímetro
- Proveta 
- Garrafas de Cerveja
- Tampinhas
- Tampadora de Garrafas
- Iodo
- 5 metros de cano de cobre (chiller)
- Areador de Mosto
- Filtro Bacteriano

Como Fazemos

O processo a seguir é utilizado por nós a cerca de 7anos. Com ele é possível fazer qualquer tipo de cerveja desde que se tenha os ingredientes necessários.

Iremos aqui demonstrar o processo de maneira simplificada afim de atender as dúvidas freqüentes de nossos clientes. O método integral será tema de treinamento. Quer saber mais? Clique aqui.

Então Vamos Lá

Para esta receita de 20 litros aproximadamente utilizaremos:

- 4,5 kilos de Malte Pilsen
- Fermento 
- Lúpulo 
- Água de boa qualidade, filtrada e livre de Cloro.

Colocamos em um caldeirão cerca de 28 litros de água para aquecimento. Não deixe ferver pois a temperatura que queremos chegar inicialmente é 65graus célcius.

Trituramos o Malte.


Colocamos este malte moído na Tina de Clarificação juntamente com a água já aquecida a 65 graus.

Agora começa todo o processo de cozimento do malte. Existem presentes nesta mistura algumas enzimas que irão trabalhar. Cada uma trabalha com uma temperatura ideal diferente. Cada uma faz um tipo de trabalho diferente. O segredo de uma boa cerveja começa aí. Qual temperatura usar? Quanto tempo?

Nesta etapa estaremos trabalhando da seguinte forma:

- 65° por 90 minutos

Faça a utilização da Bomba para clarificar o mosto.

Com o fogo aceso controle a temperatura para que fique dentro da escala que falamos a pouco. Obs.: a água que restou no outro caldeirão deverá seguir as temperaturas também.

De tempos em tempos meça a densidade deste cozimento. Hoje trataremos de deixar a densidade em 1,040. Observe que quanto mais quente a água menos densa a mesma por isto utilize uma tabela de correção do densímetro para saber qual a densidade real.

Faça o teste do iodo.

Observe que o suco sai quase límpido. Não precisará ter muito trabalho depois para filtrar a cerveja.

Bem, agora você vai tirar os dois caldeirões do fogão e colocar o outro com o mosto já filtrado. Este líquido terá a textura um pouco mais grossa e será adocicado.

Neste momento iremos fazer com que este mosto ferva. Daí então iremos acrescentar o Lúpulo.

O cálculo da quantidade de lúpulo a ser adicionada não iremos comentar neste momento. Isto será assunto posterior. 
Deveremos acrescentar o lúpulo. A quantidade deverá ser de aproximadamente 40 gramas de Lúpulo. (Com o tempo o cervejeiro define o que fica melhor. Se acrescenta mais ou menos lúpulo).

Ferva por 1 hora.

Quando terminar o tempo de fervura do lúpulo desligue o fogo e trasfegue este mosto lupulado para o fermentador observadno-se que o lúpulo não poderá acompanhar o mosto. Ele deverá ser retirado.

Agora outra tarefa é resfriar este mosto. Você poderá fazer o resfriamento antes de trasfegar o mosto. Resfrie até aproximadamente 30 graus.

Veja que o líquido não tem mais oxigênio. Você terá então que oxigenar esta mistura. Agora é a hora do areador de mosto trabalhar. Ligue o areador com o devido filtro de bactérias.

A ponta do Areador deverá estar submerso no mosto. Isto irá formar uma espuma que é sinal que está introduzindo ar ao mosto.

Após arear o mosto deveremos introduzir o fermento.

Tire o fermento da embalagem e o adicione em um copo com água a 25° mais ou menos. Coloque um pouco de açúcar para ver o fermento trabalhar. Lembre-se esta água não pode ter cloro. Após alguns minutos você verá que formará uma espuma no nível superior no copo o que sinaliza que o fermento já está “acordado” e poderá ser introduzido no mosto.

Bem, agora depois de colocar o fermento no mosto você deverá tampar o fermentador colocar a válvula Airlock com a devida rolha. Todo o material deverá estar limpo e desinfetado.

Este mosto deverá ficar fermentando por cerca de 3 dias a uma temperatura entre 10°C e 21°C.

Veja que haverá o processo de decantação e então as partes sólidas do mosto ficarão na parte da baixo do balde. Após estes 3 dias você deverá transferir o líquido para o Maturador (outro balde) e esta cerveja deverá ficar lá por mais 10 dias a uma temperatura de entre 0C° e 10°C. Se você trabalhar com fermentador cônico faça então a remoção do fermento.

Haverá novamente decantação e então após estes últimos 10 dias você deverá proceder o engarrafamento.

Antes de engarrafar transfira a cerveja para um caldeirão desinfetado e acrescente açúcar para fazer o primming.

Um garrafa após outra deixando um espaço de mais ou menos 5cm para que a garrafa não estoure.

Deixe as garrafas descansando por mais alguns dias em temperatura ambiente e então sua cerveja estará pronta para consumo. Veja que até o momento você fez chopp. Se quiser pasteurizar é só colocar as garrafas submersas numa água com 60°C por 15 minutos e estará pasteurizada. Se não é apenas colocar na geladeira deixar esfriar e saborear.

Não sei exatamente se vai ficar de acordo com seu paladar. Mas se não ficar faça uma nova receita alterando um pouco o método. Coloque menos Lúpulo, mude a variedade dele, deixe cozinhar numa temperatura diferente da que te mostramos, etc.

A verdade é única. Se fosse fácil chegar na cerveja ideal logo na primeira receita não haveria tantas variedades dela nos supermercados. Umas mais adocicadas, outras mais amargas.

O importante é saborear todas elas. Cada uma a seu estilo. No final você descobrirá que todas são excelentes, depende apenas de um ponto de vista.


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