25 abril, 2008

Buzinando o Manifesto

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, apresentador de programas de auditório, tornou-se, nos anos 60, uma das figuras mais populares da televisão brasileira. Nesse período, comandava dois programas de grande audiência, a Discoteca do Chacrinha e A Hora da Buzina.

Assumido pelo tropicalismo como uma espécie de símbolo pop, foi homenageado por Gilberto Gil em seu samba de despedida “Aquele Abraço”, na partida para o exílio londrino. Em seus programas, Caetano Veloso apresentou-se algumas vezes e Hélio Oiticica participou como jurado de calouros. Indagado sobre o que pensava do tropicalismo, Chacrinha respondeu: “Sou tropicalista há mais de 20 anos. O que acontece é que antes a imprensa me chamava de débil mental, de maluco, de grosso”.





80 anos do "Manifesto Antropófago"

Lançado no dia 1º de maio de 1928, o "Manifesto Antropófago", escrito por Oswald de Andrade, é um dos documentos mais importantes do modernismo e da cultura brasileira de modo geral. O programa "Entrelinhas", apresentado por Paula Picarelli na TV Cultura, traz neste domingo (27), às 21h, reportagens sobre o movimento antropofágico.

Manifesto Antropófago


Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz.

Tupi, or not tupi that is the question.

Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos.

Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.

Estamos fatigados de todos os maridos católicos suspeitosos postos em drama. Freud acabou com o enigma mulher e com outros sustos da psicologia impressa.

O que atropelava a verdade era a roupa, o impermeável entre o mundo interior e o mundo exterior. A reação contra o homem vestido. O cinema americano informará.

Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.

Foi porque nunca tivemos gramáticas, nem coleções de velhos vegetais. E nunca soubemos o que era urbano, suburbano, fronteiriço e continental. Preguiçosos no mapa-múndi do Brasil.

Uma consciência participante, uma rítmica religiosa.

Contra todos os importadores de consciência enlatada. A existência palpável da vida. E a mentalidade pré-lógica para o Sr. Lévy-Bruhl estudar.

Queremos a Revolução Caraiba. Maior que a Revolução Francesa. A unificação de todas as revoltas eficazes na direção do homem. Sem n6s a Europa não teria sequer a sua pobre declaração dos direitos do homem.

A idade de ouro anunciada pela América. A idade de ouro. E todas as girls.

Filiação. O contato com o Brasil Caraíba. Ori Villegaignon print terre. Montaig-ne. O homem natural. Rousseau. Da Revolução Francesa ao Romantismo, à Revolução Bolchevista, à Revolução Surrealista e ao bárbaro tecnizado de Keyserling. Caminhamos..

Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós.

Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro empréstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto dissera-lhe : ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia.

O espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo. O antropomorfismo. Necessidade da vacina antropofágica. Para o equilíbrio contra as religiões de meridiano. E as inquisições exteriores.

Só podemos atender ao mundo orecular.

Tínhamos a justiça codificação da vingança. A ciência codificação da Magia. Antropofagia. A transformação permanente do Tabu em totem.

Contra o mundo reversível e as idéias objetivadas. Cadaverizadas. O stop do pensamento que é dinâmico. O indivíduo vitima do sistema. Fonte das injustiças clássicas. Das injustiças românticas. E o esquecimento das conquistas interiores.

Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros. Roteiros.

O instinto Caraíba.

Morte e vida das hipóteses. Da equação eu parte do Cosmos ao axioma Cosmos parte do eu. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.

Contra as elites vegetais. Em comunicação com o solo.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.

Já tínhamos o comunismo. Já tínhamos a língua surrealista. A idade de ouro.

Catiti Catiti

Imara Notiá

Notiá Imara

Ipeju*

A magia e a vida. Tínhamos a relação e a distribuição dos bens físicos, dos bens morais, dos bens dignários. E sabíamos transpor o mistério e a morte com o auxílio de algumas formas gramaticais.

Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comia.

Só não há determinismo onde há mistério. Mas que temos nós com isso?

Contra as histórias do homem que começam no Cabo Finisterra. O mundo não datado. Não rubricado. Sem Napoleão. Sem César.

A fixação do progresso por meio de catálogos e aparelhos de televisão. Só a maquinaria. E os transfusores de sangue.

Contra as sublimações antagônicas. Trazidas nas caravelas.

Contra a verdade dos povos missionários, definida pela sagacidade de um antropófago, o Visconde de Cairu: – É mentira muitas vezes repetida.

Mas não foram cruzados que vieram. Foram fugitivos de uma civilização que estamos comendo, porque somos fortes e vingativos como o Jabuti.

Se Deus é a consciênda do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. E um sistema social-planetário.

As migrações. A fuga dos estados tediosos. Contra as escleroses urbanas. Contra os Conservatórios e o tédio especulativo.

De William James e Voronoff. A transfiguração do Tabu em totem. Antropofagia.

O pater famílias e a criação da Moral da Cegonha: Ignorância real das coisas+ fala de imaginação + sentimento de autoridade ante a prole curiosa.

É preciso partir de um profundo ateísmo para se chegar à idéia de Deus. Mas a caraíba não precisava. Porque tinha Guaraci.

O objetivo criado reage com os Anjos da Queda. Depois Moisés divaga. Que temos nós com isso?

Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.

Contra o índio de tocheiro. O índio filho de Maria, afilhado de Catarina de Médicis e genro de D. Antônio de Mariz.

A alegria é a prova dos nove.

No matriarcado de Pindorama.

Contra a Memória fonte do costume. A experiência pessoal renovada.

Somos concretistas. As idéias tomam conta, reagem, queimam gente nas praças públicas. Suprimarnos as idéias e as outras paralisias. Pelos roteiros. Acreditar nos sinais, acreditar nos instrumentos e nas estrelas.

Contra Goethe, a mãe dos Gracos, e a Corte de D. João VI.

A alegria é a prova dos nove.

A luta entre o que se chamaria Incriado e a Criatura – ilustrada pela contradição permanente do homem e o seu Tabu. O amor cotidiano e o modusvivendi capitalista. Antropofagia. Absorção do inimigo sacro. Para transformá-lo em totem. A humana aventura. A terrena finalidade. Porém, só as puras elites conseguiram realizar a antropofagia carnal, que traz em si o mais alto sentido da vida e evita todos os males identificados por Freud, males catequistas. O que se dá não é uma sublimação do instinto sexual. É a escala termométrica do instinto antropofágico. De carnal, ele se torna eletivo e cria a amizade. Afetivo, o amor. Especulativo, a ciência. Desvia-se e transfere-se. Chegamos ao aviltamento. A baixa antropofagia aglomerada nos pecados de catecismo – a inveja, a usura, a calúnia, o assassinato. Peste dos chamados povos cultos e cristianizados, é contra ela que estamos agindo. Antropófagos.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de D. João VI: – Meu filho, põe essa coroa na tua cabeça, antes que algum aventureiro o faça! Expulsamos a dinastia. É preciso expulsar o espírito bragantino, as ordenações e o rapé de Maria da Fonte.

Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha." (Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.)

* "Lua Nova, ó Lua Nova, assopra em Fulano lembranças de mim", in O Selvagem, de Couto Magalhães

Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil: o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, seguido da morte do mesmo bispo, devorado por índios antropófagos.

http://tropicalia.uol.com.br/

22 abril, 2008

Top 5 Orlando Silva


1-Clique para ouvir a músicaA Jardineira

2-Clique para ouvir a música Meu Romance

3-Clique para ouvir a música Pela Primeira Vez

4-Clique para ouvir a música Chora Cavaquinho

5-Clique para ouvir a música Abre A Janela

18 abril, 2008

Top 5 Ismael Silva


1- Clique para ouvir a música Se Você Jurar

2 - Clique para ouvir a música Contrastes

3- Clique para ouvir a música Para Me Livrar Do Mal

4- Clique para ouvir a música Nem É Bom Falar

5- Clique para ouvir a música Me Diga Teu Nome

14 abril, 2008

O meu amigo Maurício tem uma memória de dar inveja! Trouxe a tona uma música que estava perdida em suas lembranças (+ ou - 20 anos) e atormentava-o tanto, tanto, tanto que resolveu fazer um concurso em seu blog e no Orkut para ver se alguém seberia decifrar as melodias que insistiam em cantarolar em seu subnconciênte. Pois alguém na comunidade do Milton Nascimento decifrou o enigma: Teia de Renda. Escutem a gravação como meu amigo a lembrava e depois o original.
Maurício Martins - Teia de Renda
Milton Nascimento

Clique para ouvir a músicaTeia De Renda

ÂNIMA (1982)

12 abril, 2008

"Cinema político"


Não é sempre. Então aproveite... opa! está quase na hora.



meia-noite - telecine cult


A BATALHA DE ARGEL

Gillo Pontecorvo

11 abril, 2008

O gênio é uma merda?


A enquete do Janot sobre os filme do grande Glauber está assim por enquanto:


O humorista Marcelo Madureira declarou que "Glauber Rocha é uma merda". E você, o que acha dos filmes de Glauber?

geniais 26.96%
bons 7.83%
há coisas boas e outras ruins 18.26%
uma merda 13.91%
não vi filmes suficientes para opinar 9.57%
nunca vi nada dele 23.48%




09 abril, 2008

80's e quem mais chegar



Agora é certeza!


Joyce no domingo.

"Saudade do Futuro"

Acima, seu primeiro disco (1968).




04 abril, 2008

Nuit Blanche

Dentro do projeto Instrumental Brasileiro da Virada Cultural 2008 que vai rolar no Vale do Anhangabaú (Boulevard São João) selecionei os baixistas que estarão nesta jam session que terá 24 horas de improvisação. A idéia é que "a cada tema executado um músico deixa o palco e outro entra na roda, num único espetáculo ininterrupto de criatividade".

18h às 19h30 - Zeli
18h45 às 20h15 - Itamar Collaço
20h30 às 22h - Xande Figueiredo
21h às 22h30 - Arismar do E. Santo
22h15 às 23h45 - Fabio Gouveia
23h45 às 1h15 - Thiago E. Santo
1h às 2h30 - Marcelo Mariano
2h30 às 4h - Thiago Alves
3h45 às 5h15 - Marcos Paiva
5h15 às 6h45 - Zérró Santos
6h30 às 8h - Zé Alexandre Carvalho
7h15 às 8h45 Evaldo Guedes
8h30 às 10h Mário Andreotti
9h30 às 11h - Sizão Machado
10h45 às 12h15 -Paulinho Paulelli
11h30 às 13h - Carlinhos Noronha
12h45 às 14h15 - Dudu Lima
13h às 14h30 - Sizão Machado
14h30 às 16h - Paulinho Paulelli
16h às 17h30 - Carlinhos Noronha
17h30 às 18h - Dudu Lima

http://bassbassbass.blogspot.com/2008/04/pra-onde-eu-vou.html

03 abril, 2008

Mas antes: 2007 está de volta!

Melhores de 2007 (só o que eu não vi e gostaria de ver. De preferência no bar, tomando um café e apreciando os quitudes gostosos enquanto vemos ao filme)

Quando: de 8 a 24 de abril
Onde: CineSesc (r. Augusta, 2.075, SP, tel. 0/xx/11/3087-0500)
Quanto: R$ 6
ou em uma (boa) locadora mais perto de você...

8 de abril – terça-feira
21h - "O Passado", de Hector Babenco

9 de abril – quarta-feira
19h - "O Grande Chefe", de Lars Von Trier
21h - "Piaf, Um Hino ao Amor", de Olivier Dahan

10 de abril – quinta-feira
14h30 - "Cão Sem Dono", de Beto Brant

11 de abril – sexta-feira
19h - "A Via Láctea", de Lina Chamie
21h - "Império dos Sonhos", de David Lynch

13 de abril – domingo
14h30 - "A Casa de Alice", de Chico Teixeira

15 de abril – terça-feira
21h - "Zodíaco", de David Fincher

16 de abril – quarta-feira
14h30 - "A Comédia do Poder", de Claude Chabrol
16h30 - "Cartas de Iwo Jima", de Clint Eastwood
19h - "A Casa de Alice", de Chico Teixeira
21h - "O Passado", de Hector Babenco

18 de abril – sexta-feira
19h - "Querô", de Carlos Cortez

19 de abril – sábado
14h30 - "A Via Láctea", de Lina Chamie
16h30 - "Piaf, Um Hino ao Amor", de Olivier Dahan
19h - "Santiago", de João Moreira Salles
21h - "Uma Mulher Sob Influência", de John Cassavetes

20 de abril – domingo
19h - "O Preço da Coragem", de Michael Winterbottom
21h - "No Vale das Sombras", de Paul Haggis

21 de abril – segunda-feira
21h - "Lady Chatterley", de Pascale Ferran

22 de abril – terça-feira
16h30 - "O Amor nos Tempos do Cólera", de Mike Newell
19h - "O Engenho de Zé Lins", de Vladimir Carvalho

24 de abril – quinta-feira
16h30 - "A Leste de Bucareste", de Corneliu Porumboiu

+MAIS:
http://www.sescsp.org.br/sesc/

02 abril, 2008

Pra onde eu vou???


Teatro Municipal de São Paulo?

18h00 - Luiz Melodia – Pérola Negra (1973)
21h00 - Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos – A Dança das Cabeças (1977)
00h00 - Sá, Rodrix e Guarabyra – Passado, Presente, Futuro (1972)
03h00 - O Som Nosso de Cada Dia – Snegs (1973)
06h00 - Pepeu Gomes – Geração do Som (1978)
09h00 - Hamilton de Holanda e Danilo Brito - Vibrações de Jacob do Bandolim (1967)
12h00 - Márcia, Eduardo Gudin E Paulo César Pinheiro – O Importante É que a Nossa Emoção Sobreviva (1974)
15h00 - Paulo Vanzolini – Onze Sambas e Uma Capoeira (1967)
18h00 - Jair Rodrigues, Fabiana Cozza & Zimbo Trio - O Fino da Bossa (1964)
Boulevard São João ?
18h00 - Cesária Évora
21h00 - Gal Costa
00h00 - Zé Ramalho
03h00 - Mutantes
06h00 - The Gladiators
09h00 - O Teatro Mágico
12h00 - Marcelo D2
15h00 - Orquestra Imperial
18h00 - Jorge Ben Jor
Pateo do Colégio?
18h45 - Mundo Livre S.A. (PE)
19h30 - Macaco Bong (MT)
01h30 - Vanguart (MT)
18h00 - Siba e Fuloresta (PE)
Av. Ipiranga?
18h00 - Mariana Aydar
20h00 - Tatiana Parra
22h00 - Marina De La Riva
04h00 - Clara Moreno
05h45 - Aline Muniz
11h00 - Malu Magalhães
17h00 - Fernanda Takai
Centro Cultural São Paulo?
21h00 às 22h00 - Teatro: “As noivas de Nelson” - Espaço Cênico Ademar Guerra
21h00 às 22h15 - Teatro: “Walquirianas” - Sala Jardel Filho
21h00 às 22h15 - Teatro “ 17X Nelson – O inferno de todos nós” - Sala Paulo Emílio
SESC Av. Paulista?
00h00 - Navalha na Carne
SESC Consolação?
21h00 - Cpt / Sesc SP - Senhora Dos Afogados
SESC Vl. Mariana?
21h00 - Cauby Peixoto, Claudete Soares E Claudya
+MAIS sobre a Virada Cultural 2008: