30 novembro, 2009

Oralidades do vento


Sorriso aberto
retribuir é imediato
seu ombro é o melhor lugar
para deitar minhas lágrimas

na sua bandeira
tremulam meus sonhos
por todos os cantos
finca seu ideal

sempre verdadeira
como o sol
seus cabelos vermelhos
simbolizam sua força

para nós
não existe a palavra nunca
pois sabemos
que o vento sopra a nosso favor

Acordei antes de tocar o despertador


Tosse seca
pensamentos acelerados
o que devo
e o que não devo

mais um dia
desilusão
vou me apaixonar
e desapaixonar

boca seca
não vou levantar
mas levanto
esbarro em tudo que é coisa

volto para a cama
preciso levantar
não pelo trabalho
mas pela poesia

28 novembro, 2009

O interruptor está tão distante


Não abri os olhos
as horas passaram
noite e suor
latidos ao fundo

depois de semanas entorpecido
magoei e fui magoado
sempre saio perdendo
nunca aprendo

sou uma alma torta
atormentada
viciada
em busca de paz

não vejo a hora
de partir para o meu exílio
não sei o que vai acontecer
tenho medo de descobrir

As hélices


O Nada Rima lateja
ando tendo pensamento em versos
de tanto que ando escrevendo aqui
não paro

era para me sentir aliviado
mas não tem funcionado
cada vez mais coisas querem estar aqui
me procuram nos sonhos

esse espaço tem apurado idéias
agora tudo é motivo
e em tudo existe paixão
me viciei pela intensidade

estou guardando os detalhes
linha, estrofe, poema
é perfeito

quer um pedaço?

Desequilíbrio


Não estou dormindo
mas deveria
uma voz me acordou
ás vezes isso acontece

preciso que rezem pela minha alma
que irá direto para o inferno
tento mudar
mas ainda escuto risos

hoje foi pior
eles estão satisfeitos
por conseguirem me tirar da cama
vampiros

não existe paz
não existe sono
mas vou voltar para a cama
para que eles voltem a me acordar

Sobre a minha insignificância


Fui a poucos velórios em minha vida
três me marcaram
tenho pensado neles
obsessivamente

o da minha avó
lembro da tristeza do meu pai
das tardes de domingo com ela
pouca conversa

a filha de um amigo meu
recém nascida
ausência da mãe
não consigo imaginar

meu amigo Rã
uma das pessoas mais alegres do mundo
morto pela polícia
neste dia rezei

Nos encontraremos no inferno


Estava debruçado no balcão do bar
tomando minha cerveja
as baratas pareciam dançar
risos, tristes guizos

penso no amor que sinto
que irei sentir
o resto é passado
que enterro com palavras não pronunciadas

as cadeiras são colocadas em cima da mesa
fecho minha conta
já irão fechar
o balde d´água apaga o dia com sabão

rezo para que meu Deus não exista
para que ela morda meus lábios novamente
e que me sinta vivo: sem volta
pois ando parecendo um lápis-de-cor sem ponta

27 novembro, 2009

Cigarettes And Chocolate Milk

Meio-fio


Entrei sem saber por quê
um lugar quente
muita gente, ninguém se olhava
o barulho se embaralhava aos pensamentos

saí sem muita precisão
a música ia ficando para trás
as pessoas também
e cada vez mais

a solidão é uma mentira
temos os dias
que arrebatam nossa miséria
e nos engolem a seco

na verdade não entrei e nem saí
um impasse
delírio bobo
e preguiçoso

26 novembro, 2009

Crime nas montanhas (parte 2)


Despertou. Despertou novamente
quis levantar e não conseguiu
subiam os créditos de um filme
não identificou qual era

enfim, conseguiu ficar de pé
não era para estar vivo, pensou
pagou caro pelo serviço
parecia de propósito

pegou sua carta de despedida e rasgou
na sua mão ficou um perfume
ah! não era sua carta...
carta dela, despedida dela

uma outra dor, maior, veio forte
juntou os pedaços de papel
e formou a palavra liberdade
da varanda sentiu um cheiro de grama molhada

25 novembro, 2009

Crime nas montanhas (parte 1)


As mãos pequenas estavam sujas de sangue
foi até a varanda
e lavou-as com a chuva
que já estava prevista para cair

o que as quirólogas iriam dizer?
a lâmina, tão bela
derrubou seu oponente
e cortou suas linhas por descuido

diagonalmente, percorreu o caminho com o indicador
agora Billie Holiday (segunda faixa do disco)
terminava a canção
já poderia desligar os auto-falantes

o corpo dele ainda respirava
colocou-o no sofá e ligou o televisor
não ficou para ver o filme
pois se tratava de um livro que gostaria de ler


Para quando a caneta falhar


Que beleza
é o céu da minha tela de computador
bites, quero um bote
adoçante como a música

mas é golpe
meu estado me ilude
download da minha alma
para destacar em cartelas

tenho certeza
de ter visto um pterodátilo passar
joguei uma âncora daqui do 5º. andar
espero não ter acertado ninguém

guardei um pouco da chuva
que bateu na minha janela e me fez adormecer
aproveitei para me desfazer de coisas velhas
como camisetas, cobertores e lembranças

24 novembro, 2009

Gomos no suco


Sua pele reluzia perto do neon
uma espécie de dourado
seu olhar ora fixava-se no horizonte
ora se perdia por todos os cantos

quando cruzava com o meu
eu desviava
por falta de coragem
me sentia perdido

tentava devolver ao seu rosto
o sorriso que lhe roubara
sinto que posso ainda encontrá-lo
se me permitido for

espero escrever um nova história
com mais sentido da próxima vez
uma: de como nossos olhos se estabilizaram
e sua alegria foi restituída

O samba, a viola, a roseira

23 novembro, 2009

Bad Brains - 1982

clique no alto-falante para escutar um trecho
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Que dia lindo! Viva segunda-feira!!!

22 novembro, 2009

Ouvi a mesma música umas mil vezes


J
á foi
coisas pessoais assim
reservo
ao meu caderno

ele será enterrado comigo
e nunca ninguém verá
escrevo sim
calmaria

não exponho sentimentos
prefiro colocá-los em uma folha
como um desabafo
sou meio fechada em relação a isso

por mais que você escreva
jamais se chega no ponto
porque é algo inenarrável
impossível de se colocar em palavras

Hoje nunca existiu


Vou até a janela
não é noite mas já está escuro
o telefone ainda está quente
sinto frio

um gosto de amanhã na boca
um desgosto saliva
uma, duas, três luzes se acendem
alguém ainda vive

um livro na estante me olha
sem forças folheio suas páginas
parece outono
pareço mais velho

tento achar um lugar
tento encontrar uma história
mas já é tarde
estou na última linha do poema

Linhas sujas


Água quente
cinco minutos
registro fechado
agora o vapor

respiro com dificuldade
o ar pesado
embriaguez súbita e acolhedora
ventre materno

centenas de pingos escorrem
meus olhos ardem
molho o chão
minha boca está seca

não me vejo no espelho
meu reflexo, um vulto
obsceno
obscena é a porta se que abre para um novo dia

Sonhos invisíveis


Ela me fez uma pergunta
que eu não soube responder
seus olhos insistiam
refletiam um dia sem sol

numa outra pergunta
sabia a resposta
mas preferi manter-me em silêncio
dava para escutar o barulho da rua

param as perguntas
parou a chuva
parei de sorrir
ela ficou na porta que dava para a saída

resolvi entrar
saímos
somente então percebi
que estava longe de casa

20 novembro, 2009

Inventando a realidade


As palavras só existem aqui
onde as histórias são construídas
sujando folhas
com letras que se agrupam por necessidade

existo
pois minhas necessidades me lembrem disso
quando elas são impossíveis
me esforço para esquecer

minha loucura é perceptível
está presente no meu olhar
talvez não tenha percebido
pois desvio meus olhos

ando planejando a ficção
agendado planos para ontem
discando para telefones inexistentes
me apaixonando por apaixonar

Linhas em branco, um poema não escrito


Escrevo a primeira linha
como se fosse a última
tento voltar no tempo
para reviver alguns segundos

mas o certo talvez fosse
encerrar aqui o poema
e acelerar o tempo
para poder encontrá-la novamente

talvez devesse arrancar essa folha
todas as folhas
como quem quer apagar o tempo
para esquecer uma dor perturbadora

tudo em vão
escrevo sobre os sentimentos de uma despedida súbita
sobre todos os arrependimentos
que marcam o momento da partida

18 novembro, 2009

11a Festa do Livro da USP - 2009



25-26-27|11 das 9h ás 21h
Saguão do Prédio de Geografia e História da USP - FFLCH
Av. Prof. Lineu Prestes, 338 - Cidade Universitária - São Paulo / SP

Atenção estudantes e outros apaixonados por livros: nos dias 25, 26 e 27 de novembro de 2009ocorrerá a 11ª Festa do Livro da USP. O desconto mínimo oferecido para os livros vendidos nessa festa é de 50%, podendo alcançar porcentagens maiores dependendo do tipo de material.

16 novembro, 2009

Copos na mesa


Seria realmente incrível
ter você como uma das minhas personagens
tento encontrar uma história
com as frases desencontradas que me ocorrem pela manhã

ontem as lâmpadas fluorescentes
pareciam provocar na sua pele
um reflexo mágico
me distraio por segundos

faz um gesto com os olhos
diz que lembrou de uma música
não quer cantar
eu insisto pouco

parece que estamos enlouquecendo
quando percebemos a chuva cair
venta forte
na madrugada que chega sem volta

13 novembro, 2009

Nome de atriz


Agora seu rosto deu pra invadir meus pensamentos
um olhar tímido
cercado de um sorriso discreto
mergulhado num cabelo escuro e liso

tento seguir o caminho
que fez o lápis
ao contornar seus olhos
direito, esquerdo

poderia musicar sua voz
que está se apagando
se confunde com outras
guardá-la me desgasta

acho que é mais uma encruzilhada
tantas dessa longa estrada
como pessoas que vemos passar
na plataforma de uma estação de trem

11 novembro, 2009

48h


Meus olhos estavam ressecados
mal conseguia ler as placas quando se aproximavam
indicavam as cidade que estavam por vir
o meu destino ainda não estava em nenhuma delas

tento ganhar lucidez
abro a janela
aumento o rádio
paro num bar à beira da estrada

peço café
numa xícara grande
o líquido quente vem até a borda
que faço transbordar com minhas mãos tremulas

volto pra a estrada
como se tivesse dormido oito horas
mas por via das dúvidas
abro a janela e aumento o som

09 novembro, 2009

Ferida aberta


Sentou-se do meu lado
e olhando para a brasa do seu cigarro
falou sobre si
tomou consciência

entre uma tragada e outra
contava sobre dias estranhos
serviço de uma borracha de segunda mão
lembranças que eram para serem apagadas

éramos para sermos feliz
o combinado era esse
mas estamos cercados de idiotas
que fogem com nossos sonhos amassados no bolso

achava que te entendia
parece que não, agora um pouco
mas espere: não beba ainda...
tem que esperar o café decantar

05 novembro, 2009

Partículas

Fiquei meio sem jeito de tocar nos teus cabelos
mesmo tocando-os
passamos a madrugada na calçada
víamos nossas lembranças girarem, um carrossel

entre um silêncio e outro
formulo perguntas que não faço
penso nas respostas que queria saber de mim
mas que não teve coragem de perguntar

como se tudo fizesse sentido agora
me pego volta e meia zombando do Tempo
consegui surrupiar os segundos
quando soube que sorria o mesmo sorriso

estranho poder da alvorada
que me arrasta para um dia incerto
gostaria de escrever sobre como consertar o passado
mas seria na verdade sobre como endireitar o presente

04 novembro, 2009

Na estrada (novamente!)

Texto meu publicado na 2ª edição do Círculo (2009), que acontecerá na Universidade Federal de São Carlos nos dias 6, 7 e 8 de novembro de 2009.


estarei sabadão falando sobre As ideologias contemporâneas.

· RODA D

Ana Paula Fiore

André De Bragança Pereira

Andréa Pessôa Dos Santos

Cícero Francisco Barbosa Jr.

Débora Macedo Zabalar

Eliza Pratavieira

Fernanda Lopes

Joceli Cargnelutti

Jocenilson Ribeiro Dos Santos

Juliana Bernardes Tozzi

Juliana Sousa Pinto

Larissa Granato

Lilian Branquinho

Luciana Andrade Cavalcante De Castro

Marcelo Cardoso Pardo

Maria De Fátima Rocha Medina

Marina Gláucia Verzola

Maryllu de Oliveira Caixêta

Nara Soares Couto

Neus Rodriguez Hernandez

Oeni Custodio Marins

Priscila Maria Mendonça Machado

Priscila Penna Ferreira

Rosana Cardoso

Rosana Utida Papassoni Salvador

Rubens Dias Maia

Thelma Belo Anacleto Dos Santos

Vania Lucia Menezes Torga

Equipe de Coordenção da Roda:

Aline Maria Pacífico Manfrim Convre

Hélio Márcio Pajeú

Ariane Lia Covre

Vinícius Ghizini